Espelho das nossas emoções e testemunha da nossa personalidade, o rosto carrega consigo igualmente os estigmas dos tempos. Sob o peso dos anos, da hereditariedade e das agressões da vida moderna também os tecidos de revestimento da face se curvam. A pele perde o seu brilho e a sua firmeza dando lugar às rugas e à flacidez.
Actualmente a medicina estética e a cosmetologia têm muitos recursos no controlo das rugas faciais utilizando produtos cosméticos, os preenchimentos, a toxina botulínica e os peelings.
Contudo, estas medidas clínicas não têm um resultado satisfatório no tratamento das rugas profundas e da flacidez da pele e dos músculos da face e do pescoço.
Tal como a designação inglesa indica, proceder a um lifting é elevar ou suspender cirurgicamente os tecidos moles de revestimento da face e do pescoço. Para tal, é necessário proceder ao estiramento destes tecidos, remover excessos e voltar a fixá-los em apropriados pontos de ancoragem. Em cirurgia facial, lifting é sinónimo de ritidectomia.
Sujeitar-se a um lifting é uma decisão pessoal, normalmente justificada pelas necessidades, exigências e objectivos pessoais e pela insatisfação resultante do aparecimento de marcados sinais de envelhecimento facial – a perda da forma oval do rosto, a flacidez dos tecidos moles, a redundância submentoniana (papada), o aprofundamento das rugas e dos sulcos nasogenianos, a perda de projecção das maçãs do rosto e o aparente alongamento da face, não melhoráveis com o recurso à toxina botulínica, aos métodos de preenchimento ou aos abrasivos (peelings).
O rosto é uma das partes do corpo mais atingidas pelo envelhecimento precoce, facto que se deve à exposição a agressões pelo meio ambiente. A exposição ao sol é responsável por 90% dos sinais de envelhecimento precoce da face. Outros factores que podem contribuir são: uma dieta desiquilibrada, o álcoól, o tabaco, a obesidade e também os factores hereditários.
Com o avançar da idade surgem sinais de perda de tónus da pele e dos músculos da face e do pescoço.
Embora estejam disponíveis actualmente meios de preservar, atenuar ou camuflar os sinais precoces de envelhecimento facial, a flacidez progressiva dos tecidos de revestimento do esqueleto facial (a pele, o tecidos celular subcutâneo, os músculos e as aponevroses) é um processo biológico normal.
O lifting não detém o processo natural de envelhecimento mas, ao atenuar ou remover aqueles que são os sinais exteriores do mesmo, atinge o seu objectivo primário que é promover o rejuvenescimento cervicofacial.
Normalmente o lifting practica-se em adultos maiores de 40 anos, mas a variabilidade individual, biológica e comportamental e certas condições patológicas (cútis laxa, miastenia, etc.) levam a que muitas vezes tenha de ser executado mais precocemente.
O lifting pode executar-se isoladamente ou em associação com outros procedimentos, nomeadamente a blefaroplastia (cirurgia palpebral), a relissage da pele peribucal com laser, a dermoabrasão ou peeling e a rinoplastia.
Consoante a região anatómica envolvida assim se designam os diferentes liftings:
Os liftings diferenciam-se ainda pela “profundidade” a que são praticados:
Dependendo da extensão do procedimento e das preferências do paciente e do cirurgião, a intervenção practica-se, sob anestesia local com sedação profunda (neuroleptoanalgesia) ou sob anestesia geral.
Com anestesia local, o paciente estará acordado durante a cirurgia, sedado, relaxado e insensível à dor. Com anestesia geral, dormirá durante a operação. Nos dois procedimentos será necessário o recurso a um médico anestesista.
Um Lifting da face pode durar várias horas de intervenção se se prefere fazer tudo em um só acto. Em casos especiais, se o procedimento se prolonga muito, pode-se optar por realizá-lo em duas etapas.
O lifting cervico-facial tem por objectivo corrigir a flacidez dos tecidos do rosto e do pescoço e restaurar a forma oval da face. As etapas essenciais do lifting são:
A incisão inicia-se no couro cabeludo, por dentro da faixa de cabelo, acima da orelha, extendendo-se para baixo, contornando toda a parte anterior da orelha e continuando para a região posterior, até o terço médio do pavilhão auricular, altura em que entra novamente no couro cabeludo.
Através desta incisão, retiram-se os excessos de pele, estiram-se os músculos, e aspira-se a gordura infra-mandibular em excesso.
O trabalho principal efectua-se debaixo da pele, nos músculos, tecido fibroso e gordura que são estirados e fixados numa nova posição. Quando a pele é recolocada é necessário dar-lhe uma direcção e uma tensão que obtenham um resultado o mais natural possível.
As incisões que utilizam os cabelos e a orelha como locais de disfarce ficam pouco aparentes.
A intervenção dura cerca de 2 a 4 horas.
O Lifting pode combinar-se com outras cirurgias como a Blefaroplastia (eliminação das bolsas dos olhos) ou a Rinoplastia (correcção do nariz) dependendo de características próprias do paciente e do problema a solucionar.
O recurso a métodos video-endoscópicos permite o acesso às regiões a operar através de pequenas incisões, já que a visualização do campo operatório se faz directamente no ecrã do monitor. São feitas 3 pequenas incisões no alto da testa, já na região do couro cabeludo. Por estas incisões se tem acesso endoscópico aos músculos que são tratados e estirados em conjunto com a pele e fixados através de suturas especiais a dispositivos de ancoragem, reabsorvíveis, fixados no crâneo.
A intervenção dura cerca de 1 hora.
O objectivo cirúrgico é rejuvenescer a face recorrendo a incisões mínimas.
Normalmente o paciente não costuma sentir-se muito incomodado depois do lifting.
O internamento dura em média 24 horas. Uma recuperação normal deve permitir ao paciente retomar a sua actividade profissional ao fim de 12 dias podendo as senhoras utilizar uma maquilhagem ligeira.
No final da cirurgia pode haver necessidade de colocar um pequeno tubo de drenagem debaixo da pele, por detrás da orelha, para drenar uma pequena quantidade de sangue que pode acumular-se neste lugar.
Para evitar os edemas acentuados e os hematomas colocam-se umas ligaduras elásticas moderadamente compressivas à volta da cabeça que são removidas após 24 horas.
Os cabelos podem ser lavados antes da saída do hospital.
Nas primeiras 48 horas após a cirurgia o paciente sentirá desconforto. Sentirá o rosto inchado e moderadamente doloroso, sintomas controlados com o uso de medicamentos apropriados.
Durante 10 dias o rosto estará ligeiramente edemaciado, estirado, com sensação de adormecimento, podendo apresentar algumas equimoses. Estes sinais e sintomas desaparecerão progressivamente nas semanas seguintes sem interferir negativamente na vida social do paciente.
Os pensos serão removidos entre o 1º e o 5º dia. As cicatrizes devem ser desinfectadas até à remoção dos pontos. A maior parte dos pontos de sutura serão removidos nos primeiros 5 dias. Os pontos ou agrafes situados no couro cabeludo, atrás das orelhas, são deixados por mais dias porque a zona pode tardar mais a cicatrizar.
Após a remoção dos pontos as cicatrizes devem ser protegidas do sol.
As actividades físicas deverão ser evitadas por 3 a 4 semanas.
A expressão facial natural só aparecerá a partir do 2º mês. Só ao fim de 4 meses se poderá apreciar o resultado completo de um lifting.
De início, as características faciais podem estar alteradas pelo edema, os movimentos faciais podem estar levemente dificultados e as cicatrizes mais perceptíveis. Ter a consciência que estas alterações são normais e transitórias, impede que alguns pacientes fiquem decepcionados e eventualmente deprimidos no pós-operatório.
O sol é o maior inimigo da pele. Não é aconselhável fazer um lifting em pleno verão para não expor precocemente as cicatrizes ao sol. Após algumas semanas (4) poderá recorrer ao uso correcto de um creme protector solar.
Todo o tipo de intervenção cirúrgica deve ser executado por um cirurgião qualificado e experiente.
Quando tal acontece as complicações são raras e menores. No entanto temos sempre presente a possibilidade de existirem riscos operatórios, uns, gerais, inerentes a qualquer tipo de cirurgia (hematomas, infecção ou complicações anestésicas) e outros, particulares, associados a procedimentos específicos. No lifting as complicações são raras.
A complicação mais frequente é a formação de um hematoma (cerca de 3 % dos casos operados) dos quais só 0,5% necessitam de drenagem cirúrgica. As infecções são raríssimas e tratam-se com antibióticos.
As cicatrizes existirão sempre mas devem ser imperceptíveis. Por isso o cirurgião tem o cuidado de as dissimular junto às orelhas e em regiões onde exista cabelo.
Podem ocorrer pequenos problemas de cicatrização, em particular em pacientes com pele fina, expostas ao sol e em fumadores. As cicatrizes hipertróficas podem ocorrer, em particular na região retro-auricular. A hipertrofia é quase sempre transitória.
A diminuição da sensibilidade da pele pré-auricular, devida ao descolamento cirúrgico, é natural, frequente e transitória. As lesões nervosas persistentes são muito raras já que o trajecto dos nervos se encontra num plano mais profundo que o plano do lifting.
Pode-se diminuir a incidência de riscos cumprindo escrupulosamente as orientações do cirurgião.
Dependendo da idade em que se practica e tendo em conta que quanto mais tardio maior diferença fará na aparência, aceita-se que o lifting permita um rejuvenescimento facial de cerca de 10 anos, não devendo modificar a expressão do rosto, mantendo-o natural.
A face continuará o seu natural processo de envelhecimento mas com 10 anos de diferença em relação à idade real. Depois de um lifting, não se envelhece nem mais rapidamente, nem mais lentamente. A manutenção de uma boa aparência dependerá da qualidade da pele e da higiene de vida de cada um. É imperativo não fumar, proteger-se da acção nefasta do sol, e cuidar da pele, para prolongar os benefícios da intervenção, sem ignorar que é sempre possível voltar a realizar um novo lifting.
Durante as consultas o cirurgião dará orientações em relação à alimentação, consumo de bebidas, tabaco, exposição solar, medicamentos e certas vitaminas a evitar. Siga cuidadosamente as instruções que ajudarão a sua cirurgia a correr menos riscos. Para que um eficiente prepararo seja realizado deve consultar a clínica com a devida antecedência da data em que pretende a cirurgia.
Os dias de afastamento socio-profissional devem ser considerados durante a consulta médica. O número de dias dependerá do tipo de procedimento. Deverá de ser acompanhado na alta da Clínica e deverá ter companhia em casa durante 48 horas.
A Clínica da Face integra um complexo hospitalar que dispõe dos meios clínicos, cirúrgicos e tecnológicos de segurança necessários a qualquer tipo de cirurgia, o que transmite maior conforto e segurança ao cirurgião, paciente e familiares.
Os melhores candidatos ao Lifting são individuos fisicamente saudáveis, psicologicamente estáveis, realistas nas suas espectativas, que aceitam com naturalidade os processos biológicos de envelhecimento, mas procuram melhorar o seu aspecto facial não esperando resultados impossíveis da cirurgia.
Estas informações permitem compreender as generalidades dos procedimentos, mas não substituem a consulta médica que deve ser o início de qualquer tratamento médico.
A. Matos da Fonseca
Médico | Cirurgião Maxilofacial
Director da Clínica da Face
Lisboa – Portugal